Com aumento de casos de Covid-19, especialistas recomendam a volta do uso da máscara nas escolas
“Ainda não era o momento de relaxar nas medidas protetivas contra a doença, apesar do avanço da vacinação no Brasil”, alerta pesquisador da Fiocruz
Publicado: 13 Junho, 2022 - 16h25
Escrito por: CNTE
Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil
Diante do aumento de casos de Covid-19 e da ameaça de uma 4ª onda da doença, especialistas voltam a recomendar o uso de máscaras dentro das escolas para frear o contágio do novo coronavírus. A orientação ocorre no momento em que várias capitais registram alta taxa de transmissão e da ocupação de Unidade de Terapia Intensiva (UTI).
Nas últimas semanas, a média móvel dos casos de Covid-19 voltou a subir no Brasil, chegando mais de 30 mil casos por dia no começo de junho. Desde o início da pandemia foram quase 700 mil vidas perdidas pela Covid-19, segundo o boletim do Ministério da Saúde. Até o momento, o total de casos confirmados da doença passa de 31 milhões.
De acordo com o pesquisador em saúde pública da Fundação Oswaldo Cruz (Icict/Fiocruz) Diego Xavier, ainda não era o momento de acabar com a obrigatoriedade do uso de máscaras e relaxar nas medidas protetivas contra a doença, apesar do avanço da vacinação no Brasil.
“Essa medida de abandonar o uso de máscara deveria ser substituída por uma campanha massiva de vacinação seguida de orientações para grupos específicos mais vulneráveis”, avalia o pesquisador.
De olho nos casos por estado
Em São Paulo, o aumento de casos de Covid-19 levou nas últimas semanas várias escolas municipais e estaduais a voltarem ao ensino remoto de forma total ou parcial. Os casos de Covid-19 aumentaram mais de 300% nas últimas semanas nas escolas em São Paulo, de acordo com o Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp).
Na cidade de Analândia, interior de São Paulo, a prefeitura também suspendeu as atividades presenciais da rede municipal. Alunos, professores e pais da capital paulista têm relatado apreensão com a falta de comunicação por parte da direção e sobre o protocolo a ser seguido quando as escolas registram casos positivos ao coronavírus.
Desde maio escolas particulares de Belo Horizonte (MG) anunciaram a suspensão temporária de aulas presenciais após confirmação de casos.
Para Diego, outro fator preocupante são as com aglomerações em meio ao avanço do contágio da variante ômicron. “Vários locais realizaram festas em ambientes fechados e com aglomeração, apesar do avanço da vacinação, ainda não é hora e, quando for, a decisão tem que partir de autoridades sanitárias, não dos governantes”, diz Diego, que alerta: “a variante ômicron ainda está se espalhando pelo país e a máscara continua sendo o maior meio de proteção contra a Covid-19”.
Em Brasília, o Centro de Operações de Emergências em Saúde Pública, da Secretaria de Saúde do DF emitiu nota na qual recomenda o uso de máscaras dentro das escolas, após o aumento da taxa de transmissão e da ocupação de UTIs.
Na última semana, Fortaleza anunciou o "Dia D” de vacinação contra Covid-19 nas escolas municipais de ensino para conter o avanço do vírus. A vacinação acontece às quintas-feiras, com equipes da saúde em escolas municipais para vacinar estudantes de 5 a 17 anos, seja com a primeira dose ou completando o esquema vacinal.
O que diz a CNTE
Para a Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), o retorno das aulas presenciais pode se transformar um risco, como o uso inadequado de máscaras. A entidade defende que as escolas devem ter condições necessárias para proteger professores e alunos, como boa ventilação e infraestrutura das escolas, raramente encontrado nas escolas do país.
Na avaliação de Diego Xavier, o abandono das máscaras deve estar diretamente associado a vacinação e a vigilância epidemiológica do país. “O abandono de máscaras deveria seguir um plano, como foi o de reabertura de setores comerciais, definido por locais de menos risco e ir avançando. Então, não existe um momento em que todos devem parar de usar, mas sim um processo que devemos realizar, acompanhando os números e em caso de necessidade, retroceder”, diz o pesquisador.
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