Educadores repudiam cultura do estupro de estudantes de medicina em evento em SP
Educadores brasileiros repudiam de forma veemente a cultura do estupro perpetrada porestudantes de medicina em recente evento esportivo ocorrido em São Paulo
Publicado: 24 Março, 2025 - 13h18 | Última modificação: 24 Março, 2025 - 14h02
Escrito por: CNTE | Editado por: CNTE

Não é a primeira vez que estudantes homens do curso de medicina, e agora mais uma vez na Faculdade Santa Marcelina, instituição religiosa de ensino superior da zona leste de São Paulo, proferem cânticos e palavras de ordem de cunho misógino, machista e violento contra as mulheres. Em 2017 já aconteceu caso semelhante ao ocorrido na semana passada em evento esportivo voltado aos calouros do curso de medicina da faculdade.
À época, depois de denunciado o caso, a direção da Faculdade reconheceu o envolvimento de seus estudantes e prometeu abrir uma sindicância para apurar o caso. Oito anos depois desse ocorrido, o Brasil mais uma vez se vê estarrecido com uma faixa segurada por cerca de 25 estudantes do curso de medicina, da mesma faculdade, no mencionado evento esportivo, com dizeres que faziam alusão ao estupro e violência.
O mais escandaloso e repugnante em tudo isso é imaginar que esses homens, abastados em dinheiro e absolutamente escassos de qualquer mínima dignidade, futuros médicos e quiçá até optantes pela área da ginecologia, estarão por aí autorizados a atuar na saúde de nossas meninas e mulheres. O curso de medicina na Faculdade Santa Marcelina custa às famílias não menos que 10 mil reais e termina deixando a instituição de ensino refém dessa casta social que costuma ter poucos parâmetros éticos. É fundamental que a Faculdade se responsabilize pelo ocorrido e puna exemplarmente os envolvidos: estes jovens ricos de dinheiro, mas pobres em valores, não podem exercer a medicina!
A cultura do estupro é algo espraiado em nossa sociedade, mas chama a atenção os casos recorrentes de seu fomento em cursos e faculdades de medicina que, não raro, são locais em que esse tipo de postura aparece. E esse caso vem à tona exatamente quando o Brasil e o mundo se voltam ao debate de uma série televisiva, reproduzida em famoso canal de streaming, que trata justamente do modo de como estamos a criar nossos meninos e jovens, em um caldo de cultura misógino e de masculinidade tóxica.
Os/as educadores/as brasileiros repudiam toda essa construção social do masculino que afeta a todos nós, homens e mulheres, meninos e meninas. E isso deve ser, cada vez mais, nossa agenda e pauta dentro das escolas e de nossas salas de aula.
Brasília, 24 de março de 2025
Direção Executiva da CNTE