Funcionários, professores e aposentados em peso na Marcha da Classe Trabalhadora
CNTE une pautas da educação a reivindicações dos trabalhadores em marcha histórica dos servidores públicos
Publicado: 29 Abril, 2025 - 20h47 | Última modificação: 29 Abril, 2025 - 20h59
Escrito por: CNTE | Editado por: CNTE

Sob o lema "Valorização para quem faz o Estado", servidores públicos ocuparam Brasília nesta terça-feira (29) na 2ª Marcha Nacional da Classe Trabalhadora. Destaque para a forte presença dos trabalhadores em educação ativos e aposentados filiados à CNTE (Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação), que levaram durante o trajeto pela Esplanada dos Ministérios reivindicações urgentes contra a precarização do ensino e em defesa dos direitos da categoria.
Além das pautas unificadas dos servidores públicos - como fim da escala 6x1, isenção de IR para quem ganha até R$ 5 mil e igualdade salarial -, os educadores reforçaram demandas específicas: fim do confisco das aposentadorias e manutenção do Regime Jurídico Único (RJU).
Fátima Silva, secretária-geral da CNTE, destacou o papel ativo da entidade e de seus sindicatos filiados nessa mobilização histórica. Como educadores e educadoras, reforçam o compromisso com a educação pública, gratuita e de qualidade, rejeitando qualquer forma de privatização e mercantilização do ensino.
“A nossa luta é constante, é uma luta nos municípios, no Estado e também federal", afirmou Fátima. "A CNTE está aqui participando, defendendo a educação pública, a valorização dos seus profissionais que fazem a educação pública, mas nós estamos aqui também pedindo a aprovação do Plano Nacional de Educação, a aprovação do Piso Salarial Profissional para os demais trabalhadores da educação e uma agenda que, de fato, coloque o Brasil e a educação como centro”, ressaltou.
A dirigente sindical também enalteceu a dedicação dos trabalhadores e trabalhadoras que, vindos de diferentes regiões do país, percorreram longas distâncias - de ônibus, barco, bicicleta e avião - para somar forças à Marcha.
A demonstração de força coletiva, porém, não apaga os desafios que ainda persistem. Eliane Bandeira, diretora de Administração e Finanças do SINTE-RN e representante da luta docente, não poupou críticas às políticas insuficientes.
"No governo Bolsonaro, sofremos ataques que fragilizaram a educação. Agora, há um projeto de privatização das escolas em curso. Estamos aqui para dizer não a um Congresso que vê professores como inimigos. Queremos piso digno, carreira valorizada e educação pública de qualidade para os filhos da classe trabalhadora. Só nas ruas conquistaremos isso."
A fala de Eliane se somou às vozes docentes na Esplanada, onde várias bandeiras ondulavam como registro visual da mobilização.
Henrique Lopes, da Secretaria de Redes Municipais do SINTEP-MT (Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública do Mato Grosso), destacou a convergência de lutas. "Viemos de MT para somar forças. Nossa pauta é pelo fim da escala 6x1, taxação de grandes fortunas e direitos iguais. Mas também marchamos contra o feminicídio e pela valorização dos servidores. Essa é a voz unificada da classe trabalhadora.”
Aposentados na linha de frente: confisco é crueldade
A educação aposentada também marcou presença. Elineide Rodrigues, coordenadora da Secretaria de Aposentados do Sinpro-DF, participou da Marcha Nacional da Classe Trabalhadora para defender os direitos dos aposentados. Durante o ato, ela destacou a importância da mobilização contra a perda de direitos, especialmente pelo fim do confisco das aposentadorias.
"Estamos aqui pelo fim do confisco das aposentadorias. Cortaram nossos salários quando mais precisamos de saúde e dignidade. A lei atual é uma crueldade, e a luta não vai parar”, afirmou, explicando que a medida piorou a situação financeira de idosos. A dirigente reforçou que os aposentados continuarão lutando para reverter esse cenário.
Servidores da UnB reforçam pauta da educação pública
Servidores técnico-administrativos da Universidade de Brasília (UnB) também se juntaram ao movimento. Michel Maurício Sabino, da coordenação de comunicação do SINTFUB (Sindicato dos Trabalhadores da Fundação Universidade de Brasília), explicou a conexão com a pauta geral: "A redução da jornada é uma demanda nossa, mas a defesa do Estado de bem-estar social é essencial. As universidades são pilares da ciência e do debate público. Sem investimento, o país não avança."
Organizada por CUT, Força Sindical, UGT e outras centrais, a marcha terminou com a entrega das reivindicações ao Palácio do Planalto, Congresso e STF.