Nota pública contra o prefeito de Cuiabá, Abilio Brunini

Atribuída ao Barão de Itararé, a expressão “de onde menos se espera, daí é que não sai nada” cai como uma luva quando nos referimos a Abilio Brunini (PL), prefeito de Cuiabá, capital do Estado de Mato Grosso. Em menos de um mês, suas palavras deploráveis ganharam repercussão nacional para mostrar como a extrema-direita brasileira age e pensa.

​Depois de censurar a professora da Universidade Federal de Mato Grosso, Maria Inês da Silva Barbosa, referência nacional do debate sobre racismo e a saúde da população negra no Brasil, ela mesmo uma pessoa negra, em pleno debate da Conferência Municipal de Saúde de Cuiabá, o prefeito bolsonarista volta a atacar. Só que agora, não se contendo em ofender somente uma pessoa, se volta contra toda uma instituição de ensino, referência no seu Estado como o maior centro de pesquisa e extensão universitária, além da expertise na própria atividade de educação superior pública no Estado: se arvorou ao direito de vociferar que na UFMT “o ensino é uma bosta”.

​Ao se referir com essas palavras a uma universidade pública, a maior de seu Estado, e para além da projeção que essas palavras dizem sobre ele mesmo, o prefeito escancara o seu horror ao conhecimento e à produção científica da instituição de ensino, que já formou milhares de cidadãos e cidadãs em Mato Grosso. Ao falar que a universidade atende apenas as elites do Estado, a sua fala não é apenas desconhecimento de que hoje as portas das universidades públicas brasileiras se abrem aos pobres, negros e egressos das escolas da educação básica pública. Mas desnuda a ojeriza que a extrema direita tem, ao fim e ao cabo, à educação e aos/às próprios/as educadores/as.

​O prefeito Abilio se notabiliza na gestão pública por suas promessas não cumpridas e escândalos incessantes, como casos de má gestão dos recursos públicos e assédio moral dos mais diversos, atingindo até uma estudante menor de idade. Trata-se de uma figura repugnante para a política brasileira e não honra os votos que recebeu. É um governo composto por gente que se apropria da coisa pública como se fosse seus bens privados. As acusações contra membros de sua gestão não param de aparecer, mas isso certamente só acontece pelo exemplo que vem de cima: o seu jeitão descontraído, que ele tanto tenta forjar para a opinião pública, esconde um gestor inimigo da educação, da saúde e de sua população mais pobre e vulnerável, a que mais precisa das políticas públicas.

​Os/as professores/as e funcionários/as da educação brasileiros/as repudiam mais esse atentado contra a educação que, no limite, atinge a enorme comunidade acadêmica da UFMT, com seus/uas docentes, técnicos e estudantes, além de todo o conjunto da sociedade que se beneficia com as atividades da universidade na cidade de Cuiabá. Nos somamos à solidariedade nacional que se construiu em defesa da UFMT e, pela educação pública desse país, sempre lutaremos! Se não sabe o que falar ou se da sua boca só sai ofensas, senhor Prefeito, cale-se! A cidade de Cuiabá e o Brasil inteiro não merecem suas palavras.​

Brasília, 21 de agosto de 2025

Direção Executiva da CNTE