Resistência e protagonismo feminino nos sindicatos da América Latina
Secretária de Relações Internacionais da CONADU, Yamile Socolovsky, chamou a atenção para as lutas e os desafios das mulheres militantes
Publicado: 02 Dezembro, 2019 - 23h03
Escrito por: CNTE
O painel de análise de conjuntura “Mulheres e seu papel politico na América Latina” apresentado pela Secretária de Relações Internacionais da CONADU, Yamile Socolovsky,
chamou a atenção para as lutas e os desafios das mulheres militantes. “A política global na América Latina sempre se caracterizou como uma situação de assédio ideológico à nossa
democracia”, disse Yamile. Ela lembrou que a luta das mulheres pelos espaços de poder se desenvolveu em condições sumamente adversas, especialmente ao longo da década de 90, quando se consolidou o programa político, econômico e cultural impulsionado pelos setores dominantes na América Latina. “Isso gerou um cenário de sucateamento do Estado e do bem-estar social, perda de direitos e a deterioração das condições de vida.”, pontuou.
Para Yamile, até a década de 90, se associava o sindicalismo à corrupção, reproduzindo desigualdades e fortalecendo a capacidade do Estado através da legislação e políticas públicas distorcidas. Mas ao mesmo, foi nesse cenário que se produziu resistência naquela década. “É importante levar em conta que abrimos caminhos para a chegada ao poder de governos do campo popular. Fomos resistência, mas as resistências, normalmente, ficam invisíveis.”, completou.
Para a palestrante, a mobilização feminina tem avançado com potência e atravessa todas as organizações, com possibilidade de avanços ainda maiores mesmo nos governos populares. Por outro lado, é uma resposta às violências patriarcal e de gênero que volta a crescer na sociedade, especialmente no último período.
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2019 12 02 publicoCom essa compreensão de que a disputa de espaço é incessante, ela apontou a necessidade de que as mulheres pensem em novas formas de fazer política, ou seja, numa construção coletiva popular, massiva, jovem e, sempre, anti-neoliberal. Na perspectiva sindical ela acredita que o maior desafio é pensar e elaborar como nossas organizações podem incorporar o tema de gênero e empoderamento feminino em todas as frentes de atuação dos sindicatos. “A política é uma ferramenta de transformação social e as classes dominantes são contra essa ferramenta de acesso aos espaços de poder. O que acontece na América Latina é uma ação concreta de perseguição. Novamente tenta-se associar os Sindicatos à corrupção, em termos ideológicos, como vemos na Bolívia, no Chile e Colômbia, onde houve assassinatos e prisões políticas e ataques à juventude das periferias.”, concluiu.
O Encontro da Rede de Mulheres continua amanhã e trará informes a respeito de pesquisas sobre gênero e educação na América Latina, sobre as resoluções do último Congresso da
Internacional da Educação (IE) em Bangkok, Tailândia. Além de oportunizar a realização do planejamento da Rede com políticas de igualdade e perspectiva de gênero, para o período 2020-2022.
Fotos: Joka Madruga | Texto: Jordana Mercado